sexta-feira, 1 de abril de 2011

Violência nas escolas não pode ser mascarada, dizem especialistas

01/04/2011 -

A violência nas escolas públicas e particulares de Minas Gerais foi tema do programa “Panorama” de quarta-feira, 30, na TV Assembleia. Foram ouvidos professores vítimas de agressão, diretores de sindicatos e representantes da secretaria de estado da Educação. No estúdio, o jornalista Fernando Gomes recebeu o professor da Faculdade de Educação da UFMG, Luiz Alberto Oliveira Gonçalves, e a professora do programa de pós-graduação em Educação da PUC Minas, Sandra Pereira Tosta.

Pesquisa recente feita pelo Sindicato de professores de Minas Gerais (Sinpro/MG) aponta que 62% dos entrevistados já presenciaram agressões verbais entre alunos e professores, e 39% já sofreu algum tipo de intimidação.

- Aquela escola que era um lugar seguro, de socialização, mudou muito. A violência que antes ficava só do lado de fora hoje já está dentro da sala de aula - afirma Sandra Tosta.

- O problema da violência não é apenas uma responsabilidade de professores, pais e alunos. Ela só será combatida se houver uma rede que ajude na solução dos problemas, que envolvem toda a sociedade - diz Luiz Alberto.

Os dois professores concordam que a aproximação entre a escola e a comunidade e a valorização dos profissionais, com melhores salários e condições de trabalho, são algumas das alternativas para se combater a violência escolar.

  • O papel da família na educação
  • O conceito de família nem sempre foi o mesmo, sofreu alterações de acordo com o evoluir dos tempos.

    No Antigo Regime, não existia os termos criança ou adolescente, a criança não tinha infância, era considerada um "adulto jovem". A este propósito, Philippe Ariés (1988: 10-11) refere que:

    "passava-se directamente de criança muito pequena a adulto jovem, sem passar pelas várias etapas da juventude de que eram talvez conhecidas antes da Idade Média e que se tornavam o aspecto essencial das sociedades evoluídas dos dias de hoje".

    A educação da criança não era assegurada pela família. Cedo as crianças se envolviam com os adultos em actos sociais tradicionais, de ajuda aos pais, nos labores habitacionais no caso das meninas e nos meninos na conservação dos bens e negócios familiares. Era deste modo que adquiriam conhecimentos e valores essenciais à sua formação.

    A família não demonstrava afectividade, embora o amor fosse um sentimento presente. A afectuosidade registava-se nas pessoas próximas às crianças tais como as amas, os serventes, os vizinhos, etc. (Ibidem.).

    Na época do Estado Novo, à esposa era-lhe incumbida a responsabilidade pela educação dos filhos, auferindo dependência económica quase total do marido. Aliás " o pai surge como o único angariador de sustento familiar (…) se ele desaparece, não há dinheiro para comprar o necessário" (1989: 359-360). Com as alterações sociais pós 25 de Abril, a família sofreu grandes transformações, que já tinham sido encetadas noutros países já democratizados. Diminuiu o número de filhos por casal, o casamento tornou-se mais instável com um número crescente de divórcios, aumentando as famílias monoparentais e reconstruídas, as mulheres passaram a ter uma actividade profissional, estudarem até mais tarde, auferindo de independência económica e relegando muitas vezes a maternidade para segundo plano.

    Hoje, em família abordam-se temas que eram impensáveis no passado.

    O papel do educador social na prevenção da violência

    O educador social é um profissional que pode agir e interactuar na prevenção e resolução dos problemas de violência. Como "profissional híbrido" (Fermoso, 1998:93), pode actuar de diferentes formas, designadamente com a família, com as crianças ou jovens, no meio onde se registem focos de violência e mesmo na escola como elemento mediador.

    Apesar de haver discursos divergentes acerca do âmbito de intervenção poder ser formal, informal ou não formal, Petrus (1997: 31) diz simplesmente que "a educação social não deve ter, entre as suas competências, a responsabilidade da actividade escolar". De facto, a transmissão de conhecimentos e conteúdos programáticos compete aos docentes e não aos educadores sociais. Na opinião de Fermoso (1998:92-95), a intervenção poderá ser ao nível da prevenção primária e secundária, centrando-se a "educação preventiva primária" em campanhas de sensibilização contra a conduta violenta na escola, realizadas nas escolas, A.T.L.’s, casas da juventude, ou mesmo nos meios de comunicação social, formação de professores, pais e educadores, … A "educação preventiva secundária" seria realizar actividades de educação não formal individualizadas, auxílio pedagógico a alunos com condutas violentas, intervenção directa na resolução de conflitos, ajuda aos pais que têm filhos com condutas violentas, orientando-os na resolução de tais problemas.

    CAUSAS DA VIOLÊNCIA NAS ESCOLAS

    As causas da violência são inúmeras, não sendo fácil fazer uma inventariação de todas. Não existem dados estatísticos concretos acerca do número de jovens actores e alvos de violência, no entanto, o Instituto Nacional de Estatística (INE) apresenta uma tabela onde são detectadas as problemáticas em crianças e jovens, bem como as medidas tutelares aplicadas em processos concluídos em 2001.

    No ano de 1998 foram acompanhados crianças e jovens em risco num total de 2.979 indivíduos. Todavia, em 2001 o total de crianças e jovens adolescentes era de 9.504, ou seja, quase que quadruplicou. São ainda apontadas como situações de risco: abandono, negligência, abandono escolar, absentismo escolar, maus tratos, abuso sexual, trabalho infantil, exercício abusivo de autoridade por parte dos pais e outras situações de risco. Como condutas desviantes observadas nos menores, são enumeradas a prática de actos qualificados como crime, uso de estupefacientes e ingestão de bebidas alcoólicas e outras condutas desviantes. De referir que o número destas situações de perigo foram aumentando de 1998 até 2001.

    Judicialmente, são descritas as medidas tutelares aplicadas em processos finalizados nos anos citados. Em 1998 as medidas foram num total de 1.619, contrariamente no ano de 1999 em que o número ascendeu às 3.701 medidas, observando-se contudo um decréscimo nos anos subsequentes. Convém ainda sublinhar que a medida tutelar mais aplicada nestes quatro anos foi a de acompanhamento educacional, social, médico e psicológico.

    São apontadas como causas da violência:

    quinta-feira, 31 de março de 2011

    Diga o que você pensa com esperança.
    Pense no que você faz com fé.
    Faça o que você deve fazer com amor!

    Ana Carolina

    Se, a princípio, a ideia não é absurda, então não há esperança para ela.

    Albert Einstein

    Tudo o que um sonho precisa para ser realizado é alguém que acredite que ele possa ser realizado.

    Roberto Shinyashiki

    Os miseráveis não têm outro Remédio a não ser a esperança.